Deputado federal pelo PMDB, Jarbas mantém uma relação amistosa com o governante socialista
Franco Benites
Se a presença de João Campos no
governo estadual representa uma ponte do governador Paulo Câmara (PSB) com o
futuro, há ações que atrelam a gestão socialista ao passado. Em sua primeira
experiência no Executivo estadual, Paulo tem recorrido à experiência do
deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) para ouvir conselhos sobre temas
variados. O peemedebista sentou na cadeira hoje ocupada pelo socialista por
cerca de oito anos. Na época, Jarbas era um dos principais adversários do PSB,
sobretudo do ex-governador Eduardo Campos, padrinho político do atual chefe do
Executivo estadual.
A aproximação entre Paulo e Jarbas
não é de hoje. De acordo com pessoas ligadas ao governador e ao deputado, as
conversas entre os dois ocorrem desde a campanha eleitoral de 2014. No entanto,
houve um aumento na frequência das articulações e vários foram os fatores que
contribuíram para isso.
Paulo e Jarbas estão mais próximos
porque o PMDB tem buscado ampliar seu espaço como principal parceiro do PSB na
Frente Popular. Essa ligação tende a ficar ainda maior já que os socialistas
perderam o apoio do DEM e do PSDB e agora querem cativar melhor os
peemedebistas para evitar que haja um retorno da União por Pernambuco. A antiga
coligação que reunia o grupo político de Jarbas, democratas e tucanos dava as
cartas na política pernambucana enquanto o PSB ficava à margem na oposição,
atuando como coadjuvante do PT.
Outro fato que ajuda na cada vez mais
estreita relação de Paulo e Jarbas é a presença de Raul Henry (PMDB) no
governo. Vice-governador e presidente estadual dos peemedebistas, ele é
discípulo político do deputado federal, mas se aproximou bastante do
governador. A relação, antes restrita ao âmbito político, tornou-se cada vez
mais pessoal. Dentro do Palácio, reconhece-se que Paulo e Raul tornaram-se de
fato amigos a ponto das famílias se frequentarem. E a partir daí, costurada
pelo vice, houve uma ligação maior entre Jarbas e o governador.
Na sexta-feira retrasada, por
exemplo, Paulo, Raul e Jarbas, e outras figuras políticas que giram em torno do
trio, conversaram por mais de cinco horas no apartamento do deputado federal na
área central do Recife.
Apesar das constantes conversas entre
Paulo e Jarbas, houve uma lacuna entre os dois recentemente. O deputado federal
não foi consultado pelo governador sobre a decisão de tirar o DEM e o PSDB do
governo. O peemedebista foi pego de surpresa com a postura do socialista, mas
não reclamou. Depois de ocupar o Palácio do Campo das Princesas por cerca de
oito anos, Jarbas, dizem aliados, sabe que há horas em que não dá para ouvir
todo mundo.
O silêncio de Paulo sobre o
assunto, no entanto, serviu de alerta para Jarbas ainda de acordo com
personagens políticos ouvidos pelo JC. Ele não se furtará a
conversar com o governador e faz questão de manter o diálogo aberto, inclusive
por uma questão de apreço pessoal, mas ficou com a impressão de que o chefe do
Executivo pessoal poderia ter mais calma em algumas de suas decisões.
Com as eleições municipais se
aproximando, as conversas entre Jarbas e Paulo devem aumentar. E podem ficar
ainda mais frequentes se o PMDB passar a ocupar o posto de vice na chapa do
prefeito Geraldo Julio (PSB)
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